sábado, 5 de abril de 2014

Pesar

Meus sinceros pesares, minh'alma.
Declaro-lhe morta.
Não há mais brilho em tua face e sentido para continuares entre nós.
Não existem mais motivos para continuarmos com essa non-sense.
Eras uma alma tão escarlate, e foi-se tão cedo.
Lembro-me dos teus últimos dias onde a doença lhe usurpou tão cruelmente.

Tornou-se cruel.

Você tornou-se cruel com o vento, as árvores e o chão.
Pois o void preencheu sua cabeça e não havia mais espaço para non-sense.
Não havia espaço em teu colchão.
E o peso de tua cabeça ainda recortaria andar por andar até que encontrasse o núcleo terrestre e o ultrapassasse; até que enfim ultrapassasse as camadas do buraco negro que passeia no espaço plácido, e explodisse em um milhão de pedaços de coisa alguma. Em um milhão de pedaços de non-sense.

Sem a presença do meu interior, fui transportada para uma longa e alta montanha. Me encontro sobre ela e tenho dois abismos, um à direita e um à esquerda. No da direita vejo saídas com sinais luminosos, e no da esquerda onde estariam minhas loucuras e quimeras há uma fita cassete com apenas uma faixa.

20 anos blues.
Sou transpassada por uma longa espada.

Se ele (meu interior) não tivesse afundado, nós nos divertiríamos em um vórtice violeta cozinhando batatas e falando de trens vazios.
Nós nos divertiríamos tanto que eu o olharia nos olhos, com os meus olhos marejados, e lhe diria:
"Imagine, imagine só o quanto doerá quando eu cair da minha nuvem!"