domingo, 16 de agosto de 2015

Sandra Rosa Madalena

Rosa...
Não se vá sem falar comigo.
Teu poço cresce?
Está doente de equívoco.
Tome teus remédios,
Folheie teus livros

Sei que queres abrigo.
Por que esmoreces assim?
Encontrei nos teus esboços
Sobre magos e médiuns
Rezas ocultas
Para te livrares de mim

Naquela manhã
Quando caístes inerte ao chão
Vi através do teu crânio aberto
Um sapiens sapiens qualquer
Cheio de quimeras
E dialetos secretos

Não haviam lótus ou ametistas
No teu jeito de morrer.
Tuas mãos quiromânticas
Jamais seguraram velas,
E teu sangue carmim
Não entoava canções singelas.

sábado, 15 de agosto de 2015

Silêncio

Símbolos maçônicos
Cravados na fonte
Posso avistar ao longe
Um carteiro esquecido por deus

Trepidando de cansaço
A passos largos
Tentava esquivar-se das sombras
Tropeçando no breu

Os olhares ausentes
Das estátuas de ninfas
Sufocam primaveras

Na ventania das horas ilícitas
Corta o negrume
O sibilar da maple tree

Pesada de silêncio
A bolsa do carteiro rompe-se
Então ele contempla
à luz laranjada do poste

Envelopes voadores
E correspondências em branco

O destino
Naquele momento
Foi percebido que calou-se há tempos
Acredita-se
Que tornou-se silêncio

E o silêncio
Tornou-se eterna noite
Com uma bala alojada na solidão
E outra no vazio